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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fim das touradas em Guimarães

Foi o próprio presidente da Câmara da Cidade, António Magalhães, a declarar o fim das touradas no município, até agora uma das mais emblemáticas actividades no programa das festas gualterianas. “Fomos sensíveis aos apelos dos defensores dos direitos dos animais e decidimos extinguir do programa a corrida de touros”, afirmou o edil, que também deu conta do seu repúdio pelas corridas de touros, posição pessoal da qual afirmou não derivar a decisão, tomada segundo ele primordialmente para dar maior "modernidade" às festas, para além do facto de "este tipo de programa está[r] em perda em todo o mundo taurino e, sobretudo, nas regiões onde não é uma tradição muito vincada".

Uma imagem que dificilmente se irá repetir em Guimarães (foto original daqui)


Eu, curiosamente, acho curiosa esta associação entre o fim das touradas e a proclamada "modernidade". Será mesmo esta a questão central aqui? É uma maneira do presidente se desmarcar de críticas e evitar que o acusem de tomar em consideração gostos pessoais para tomar decisões políticas? É apenas a orientação política e não a personalidade dos candidatos aos lugares públicos que vai a votos?

Não é a primeira vez que vejo a questão ética levantada pelo sofrimento dos animais em nome do entretenimento ser relegada para um segundo plano, secundada por apelos à modernidade. o problema é que o conceito do que é moderno ou não varia com as modas. E se um dia a "festa brava" voltar a ser moda? Que fazer ao argumento?

Louve-se, contudo, a decisão. E a coragem política de a tomar.

2 comentários:

  1. Este é um bom exemplo de como a questão taurina se tornou numa batata quente para os munícipes. Não lhes fica bem serem aficionados, não vá isso desagradar à juventude cosmopolita que abraça a causa animal, mas também não querem afastar o eleitorado mais velho e avesso a mudanças nas suas tradições. Solução: apelar à modernidade! É por isso é que me recuso a chamar a esta medida de "coragem política". Parece é ser a solução mais fácil para evitar tensões durante as Festas da Cidade.

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  2. Uma parte significativa da sociedade considera as touradas uma crueldade sem sentido e um atentado aos direitos dos animais. Nesta perspectiva uma cidade que organize corridas de touros fica com a sua imagem diminuída perante parte dos seus munícipes e potenciais visitantes. Isso pode ser visto como um sinal de não evolução, de paragem no tempo, falta de modernidade com afirmou o presidente da Câmara.
    A seinciência do touro não é sequer discutível o que torna as touradas uma prática inaceitável tratando-se de infligir propositadamente ferimentos (logo dor) e stress (desde o transporte até ao recinto do «espectáculo» ao confinamento de animais que viveram toda a vida em liberdade e com um mínimo de interacção com o homem) a um animal com capacidade reconhecida para experiencia-los. Mesmo se tentarmos fazer um balanço o mais isento possível entre o sofrimento dos touros e o prazer que a tourada pode representar para o seu público a balança pende para o primeiro factor o que nos leva a concluir que seria recomendável que o público procurasse outro entretenimento.
    Dizem os defensores da raça Brava que é da natureza do touro lutar com bravura e que se lhe retirarmos esse momento de glória o seu destino não se cumpre ficando privado de parte da sua grandeza. Penso que é claro que na natureza a luta não é um desporto nem uma arte mas sim uma questão de sobrevivência quer do indivíduo (quando a presa luta para escapar do seu predador ou quando os animais lutam por territórios que são fonte de alimentação) ou do seu património genético (nas lutas entre machos nas épocas de acasalamento). Só mesmo nós humanos poderíamos pensar doutro modo e achar que uma luta desigual, com final antecipado e funesto, pode dar algum tipo de prazer a um animal. Trata-se na minha opinião duma antropomorfização bastante descarada! Quanto á preservação da raça brava se os que com ela se preocupam se dispuserem a pagar um pouco mais por um bife com uma origem tão nobre decerto que ela será assegurada com a qualidade de vida que estes animais têm tido mas com uma morte de acordo com essa qualidade de vida.
    Se eu pudesse decidir o direito básico de todos os seres vivos, seria o direito á própria vida mas em segundo lugar seria o de evitar ao máximo o sofrimento ao longo da vida. No final é o que todos nós, até como pessoas, procuramos. Penso que não é abusivo se afirmar que esse, a seguir a manter-se vivo, será o maior interesse do touro. Submetendo-o a uma tourada estamos a desrespeitar um direito que eu penso ser inerente a todos os seres vivos.
    Por último onde está o sentido de obtermos prazer do sofrimento dum animal? Como pode esse princípio base ser sequer considerado quanto mais aceite por uma sociedade??? Penso que não é possível voltar por se tratar duma questão não de modernidade mas sim de Humanidade. O sentido de toda a nossa evolução como pessoas e como sociedade não deve ser o Bem comum?

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