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terça-feira, 5 de abril de 2011

De novo a China - "Porta-chaves" com peixes e tartarugas

Interrogo-me porque aparece tantas vezes a China como um país onde não se tem em consideração o sofrimento animal.

Evidentemente, esta descrição não corresponde à posição de todos os chineses perante os animais, mas a verdade é que a China continua a ser um grande consumidor de carne de golfinho, chifres de rinoceronte, barbatanas de tubarão, bilis de urso, etc., com consequências desastrosas para o bem-estar animal e a conservação das espécies.

Crédito da foto: Li Bo
 ("Global Times")
Agora, parece que o novo "negócio da China" é a comercialização de "porta-chaves" de plástico transparente e selado, onde são colocados pequenos peixes ou tartarugas, que eventualmente morrem asfixiados. Indiferentes a isso, os compradores destes "acessórios" simplesmente cozinham no microondas os cadáveres e consomem-nos. De salientar que esta prática não infringe lei alguma, sendo os "animais embalados" vendidos em plena praça pública, à luz do dia, sendo comprados frequentemente por chineses que o fazem para os poderem libertar de seguida. Esta atitude, ainda que bem-intencionada, poderá levar a problemas ecológicos e/ou de saúde pública, caso esta "moda" esteja para ficar.


Como nota de rodapé, deixo a  notícia do Global Times de Novembro do ano passado, que divulgava a existência de grupos secretos na China que pagam a  mulheres para maltratar animais até à morte e que filmam esta prática, colocando os vídeos on-line, como forma de satisfazer um mórbido fetiche.

Olhando para tudo isto, apetece perguntar:  "What`s wrong with China?"

12 comentários:

  1. E se fizessemos um pequeno exercício, substituindo poucas palavras:

    "Interrogo-me porque aparece tantas vezes o Portugal como um pais onde não se tem em consideração o sofrimento animal.

    Evidentemente, esta descrição não corresponde à posição de todos os portugueses perante os animais, mas a verdade é que em Portugal continua-se a apreciar a caça desportiva e a construção de auto-estradas com consequências desastrosas para o bem-estar animal e a conservação de espécies como lobo e lince."

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  2. Tenho alguma dificuldade em acreditar em notícias que vêm da China. Lembro-me da há uns anos ter circulado na net a notícia que denunciava o consumo de fetos humanos devidamente acompanhada por imagens chocantes de sopas e xau-mins de nados-mortos. O que não passava de um embuste para consumo ocidental. Por isso não sei como encarar este episódio anedótico relatado na versão inglesa do jornal oficial do regime chinês.

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  3. E penso que devo esclarecer que com o meu comentário algo ironico queria também salientar quão dificil que é jultar outra cultura de fora - além da dificultdade mencionada por Manuel de avaliar a credibilidade de notícias de uma cultura que não conhecemos e que não é uma democracia com liberdade de expressão.

    Isto sem desculpar práticas que, se existem de facto, não são compativeis com um respeito por outros seres que no nosso lado do mundo achamos razoável.

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  4. O teu comentário levou-me a olhar para esta notícia de outro ângulo. De que forma é que o nosso conceito de pet, em especial dos chamados animais exóticos, não pode ser tão ou mais condenável do que vender porta-chaves com seres vivos dentro? A pequena tartaruga da imagem parece tratar-se de uma Tartaruga da Flórida, a mais popular "tartaruga de aquário" à venda em qualquer loja de animais e considerada pela IUCN como uma das 100 espécies mais invasivas do planeta (!!!). Por cá, país de brandos costumes, compra-se o bicho porque sim, deixa-se o animal de molho durante meses num quarto frio a comer casca de camarão, a adoecer com hipovitaminose A, hipocalcémia e outras patologias quejandas e a viver uma vida que não vale a pena ser vivida para no final, se o pobre coitado teve o azar de resistir, de ser exaurido numa descarga de autoclismo. Os da China, pelo menos parecem morrer depressa e à vista de toda a gente.

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  5. Percebo o comentário da Anna, mas continuo a achar a China um país particularmente problemático no que diz respeito ao respeito pelo bem-estar animal e à preservação da biodiversidade. Isto excluindo a recente protecção ao Panda, claro.
    Como me disse esta semana a este respeito um meu amigo radicado na China, "aqui não há respeito por nada, nem pelas pessoas, quanto mais pelos animais".
    Evidentemente, é sempre delicado avaliar outras culturas sob o prisma dos valores da nossa, e de facto temos "telhados de vidro" aqui em Portugal ou em qualquer outro país ocidental.
    Não tenho razões para duvidar da fonte relativamente a este caso, dado até se tratar de um retrato negativo do país (o que até me admirou, confesso), mas principalmente porque tenho visto muito mais casos associados à China, ou perpetrados por chineses emigrados (vejam este relato de profunda crueldade num supermercado chinês na Califórnia: http://www.youtube.com/watch?v=Y3x8pzS1nDk. As autoridades americanas dizem que não podem fazer nada porque "não é cão ou gato"). Há, de facto, aos meus olhos (e acredito que também aos olhos de muitos outros ocidentais), um problema de respeito pelo bem-estar animal na China. E, a este respeito, mesmo incorrendo o risco de ser "politicamente incorrecto", condeno veementemente este aspecto da cultura chinesa.

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  6. Sim, há de certeza uma diferença cultural. Tal como há também diferenças culturais entre países europeus. O movimento de protecção animal na Inglaterra victoriana aproveitaram a possibilidade de salientar as diferenças entre o povo inglês civilizado e educado com os animais e os brutos povos do sul de Europa.

    Quando "As autoridades americanas dizem que não podem fazer nada porque 'não é cão ou gato'", isto diz também muito da legislação dos Estados Unidos (onde a lei federal de protecção animal exclui roedores, aves e animais de produção de alimentos ou fibra).

    Não quero tentar desculpar práticas problematicas que alguns chineses evidentemente adoptam. Mas penso que a pergunta "What's wrong with China?" é bastante infeliz.

    Primeiro, é mais construtivo perguntar "What is wrong in China and why is it wrong?"

    Segundo, mesmo sem considerar a questão de telhado de vidro, criticar os outros de uma maneira funcional não é tarefa facil. O equlíbrio entre pressão externa e critica interna que leva de facto a mudanças é fragil. (Numa nota pessoal, nunca participaria por exemplo numa manifestação anti-tourada onde se vai em autocarros das grandes cidades para protestar contra práticas locais. É muito sensível e tudo que se vai conseguir localmente é um efeito contraprodutivo.) Claro que o que se diz no animalogos não teré qualquer repercussão na China, mas como questão de princípio vale a pena refletir.

    Terceiro, tudo indica que a preocupação com os direitos e a protecção dos animais só aparece depois de respeito pelos direitos humanos e depois de alcançar algum desenvolvimento economico. Ora, China está numa fase de turbulente crescimento economico mas ainda com muita pouca preocupação com os direitos humanos. Está neste sentido diferente do mundo ocidental onde estes dois tem andado mais ou menos em paralelo. Julgar o que se passa na China com olhos de quem vive em circunstâncias muito diferentes é arriscado. E penso que é cedo para constatar que algo está profundamente e inevitavelmente errado.

    Pelo que se percebe da notícia, a preocupação existe, tanto por parte de quem critica como por parte de quem decide publicar. Se isto vai levar a alterações de costume ou de legislação? A ver vamos.

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  7. Vindo da China já nada me surpreende. Ok, eles são o futuro, ok eles são os maiores em alta tecnologia e tenho a certeza que muitas das grandes descobertas do século virão dos chineses, mas...porquê com animais? Qual é a piada de ver um misero peixinho ou tartaruguinha a asfixiar e morrer lentamente de um porta-chaves, só para nosso próprio deleite? Compreendo que a China tem outra cultura, até consigo compreender a parte da cultura gastronómica, obviamente quando isso não compromete a sobrevivência de uma espécie e a destruição de um sistema ecológico....mas peixes vivos num porta-chaves? Por mais que dê voltas à cabeça não compreendo. Arrisco-me a dizer que o povo chinês é provavelmente dos que maiores atrocidades comete perante os animais (e pessoas também!). Porém, acho também que não nos podemos centrar exclusivamente na China, quando tão perto de nós, no nosso próprio país, coisas semelhantes acontecem. Sim, estou a falar de touradas. Resumidamente, e tal como os pobres dos peixes, é ver um animal a sofrer, para que desse sofrimento, obtenhamos algum prazer. E isto, na minha opinião (que vale o que vale) é simplesmente mórbido.

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  8. Antes que me "caiam" em cima, quer pela parte das touradas quer pela parte dos chineses, gostaria de dizer mais alguma coisa. Primeiro, não tenho qualquer tipo de ódio por chineses, aliás tive a oportunidade de conhecer um grupo de adolescentes chineses durante um mês que foram sem dúvida das pessoas mais bem educadas e decentes que conheci. Quanto às touradas, e porque tenho amigos e amigas que são aficionados e eles bem sabem que não o sou, fiz esta analogia não para dizer que colocar um peixe num porta-chaves e um touro na arena é a mesma coisa. Sei que a ideia do porta-chaves é bem mais absurda, mas continuo a achar que ambas se baseiam na obtenção de qualquer tipo de benefício para o homem e malefício para um animal.

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  9. É realmente díficil acreditar que existem pessoas capazes de cometer este tipo de atrocidade. E respondendo em parte ao comentário da Inês, nem penso nesta prática como que influenciada pela cultura do povo chinês… A compaixão pelos animais nasce com as pessoas, quem não a tem obviamente não terá problema nenhum em fazer um negócio deste género. Isto para mim é muito simples, ou se tem compaixão (nem que seja mínima) pelos animais e respeita-se os direitos deles ou não se tem e fazer um negócio como este dos porta-chaves até é boa ideia e vem mesmo a calhar porque traz bastante lucro para o país. Para mim é completamente chocante saber que existem pessoas que preferem a segunda opção, mas existem. Não sei de que forma se poderia reverter esta situação dos porta-chaves… realizar campanhas que lutam pelos direitos dos animais são efectuadas com frequência e são sempre úteis para chamar á razão esta gente que despreza os animais, mas na minha opinião isto não chega, não chega aplicar medidas que acabam por ser meramente teóricas… a prática por sua vez faria toda a diferença, uma prática aliada á lei, essa sim seria precisa para casos como este. Mas se esta prática dos porta-chaves nem sequer é punida por lei, como evitá-la? Como chamar a atenção deste povo e consciencializá-los para esta “coisa” horrível que estão a fazer? Se nem a própria lei se preocupa com o bem estar animal e com os seus direitos, porque razão é que as pessoas se preocupariam?? Quero salientar que também não me refiro a todos os chineses em geral e como já foi referido em comentários anteriores, isto serve para todos os países com práticas não iguais mas que também desrespeitam os direitos dos animais. Mas já que se apontou o dedo á China, que sirva de exemplo para todos e que comecemos desde já a pensar seriamente naquilo que estamos a fazer (por exemplo touradas, mais uma vez) antes que nos apontem o dedo a nós!

    Mónia Araújo

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  10. "A grandeza de um povo é medida pela maneira como são tratados seus animais."
    Mahatma Ghandhi
    Talvez esta frase seja já um cliché para todos os defensores do bem estar animal, porém esta situação será uma em que a sua utilização se revela deveras assertiva.
    Segundo o Federal Reserve Bank of Atlanta o crescimento do PIB chinês foi de 6% em 2004 altura em que alcançou a posição de terceira maior economia mundial, mas será este numero valor único para estimar a grandeza de um povo?
    Porque é que admitimos que diferenças culturais justifiquem actos de pura brutalidade? não é também o homem um ser que evolui? A evolução social e biológica não determinou que o ser humano se demarca-se destes actos dignos da barbárie pré-histórica? Como é possivel justificar que os maus tratos animais sejam entendidos por alguns como actos sexualmente gratificantes? Não me entendam mal, não nutro qualquer "grudge" pelo povo Chinês nutro-o sim por todos os responsáveis por estes e outros actos de crueldade. Talvez estes animais em plástico sejam a contra facção chinesa para os famosos Sea-Monkeys(http://www.sea-monkey.com/) americanos.

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  11. É verdade concordo com os últimos comentários, para nos humanos ter um peixe tartaruga etc dentro de um saco de plastico até pode parecer chamativo
    animais como peixes e lagartixas não tem a mentalidade de um mamífero , mas não é por isso que perdem os seus direitos.
    Resumindo eu acho que para nos humanos um ser bem superior massacrar seres inferiores a nos por pura diversão e um acto humilhante

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