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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Last Christmas I gave you a dog

É má ideia oferecer um cão (ou outro animal de companhia) a quem não tenha capacidade de assumir o compromisso de cuida-lo até o fim da vida, assim como não se deve comprar ou adotar um cão sem este compromisso.

Mas há um problema em si com o facto de oferecer um animal de companhia? Esta pergunta é colocada num recente artigo publicado na revista Animals. O que motiva a equipa de autores, de American Society for the Prevention of Cruelty to Animals de investigar o assunto, foi a prevalência da ideia que não se deve oferecer um animal como prenda.

A equipa analisou resultados de uma sondagem feita nos Estados Unidos, focando nos 222 entrevistados que afirmaram ter recebido um cão ou um gato como prenda. Perguntas subsequentes abordaram o envolvimento na escolha da prenda, afinidade com o animal e eventual abandono do mesmo.

Os resultados desta investigação são muito limitados pelo facto de não haver um grupo de comparação: não se falou com pessoas que tinham adquirido um animal de companhia por iniciativa própria. É bom saber que a maior parte dos entrevistados afirmaram gostar tanto ou mais do animal do que se tivesse sido adquirido pelo próprio, e que na maioria dos casos ainda mantinha o animal. Mas diz pouco enquanto não sabemos a informação equivalente de quem não recebeu mas adquiriu o seu animal. Convence um pouco mais quando cita outros estudos em que a razão de abandono foi investigada, sendo por exemplo alergias ou falta de tempo causas muito mais comuns do que o facto de ter recebido o animal como prenda.

Se não estivesse neste momento ocupadíssima com o que tem que ser ultimado antes do Natal (dentro do qual não consta a compra de um animal de companhia!), passava agora a ler o estudo que American Humane Association acabou de publicar, sobre os fatores que influencia a manutenção ou não de um animal obtido de um centro de recolha. Mas podemos todos aproveitar os dias mais calmos para lê-lo para voltar a falar do assunto logo no ano que vem.

Até então (e com uma lufada dos anos 80) votos de Boas Festas a todos os leitores do animalogos!

3 comentários:

  1. Não tem problema a oferta de animais,quando esta é feita de forma consciente, e não por mero impulso.
    Quando se pensa em oferecer um animal, temos de ponderar muitos aspectos, temos de ter em consideração se o animal que vamos oferecer, é o que mais se adequa à pessoa a quem o vamos oferecer, às necessidades que são especificas de cada raça. Não podemos deixar de ter em atenção, além da disponibilidade emocional, que é sem dúvida a condição primordial, também a disponibilidade sócio- econômica é um factor importante.
    Concordo inteiramente com a afirmação " É má ideia oferecer um cão ( ou outro animal de companhia) a quem não tenha capacidade de assumir o compromisso de cuidá-lo até ao fim da vida, assim como não se deve comprar ou adotar um cão sem este compromisso.".
    Não faz sentido,dar um cachorro,a um idoso uma vez que esta pessoa devido à sua idade, poderá não assumir o compromisso de o acompanhar até ao fim da vida.
    A oferta de animais,não está diretamente ligado ao seu abandono,como se pode ver pela investigação feita, em que os inquiridos ainda mantêm o animal, que um dia lhes foi oferecido.
    Adotar, receber,em casa um animal,é um compromisso para a vida.

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  2. Marina Leepkaln Medeiros1 de março de 2014 às 23:23

    Não vejo problema na ação dar de presente um animal de estimação. O problema é não pensar sobre esta ação antes de colocá-la em prática.
    Tendo como base o artigo “Should Dogs and Cats be Given as Gifts?” no qual está escrito que animais dados de presente têm menos risco de serem abandonados do que os vindo de outras fontes, não vejo problema em dar um animal, pois desta forma ele pode ser inserido em um lar e em uma família e ter a chance de ser tratado como lhe é devido e teoricamente assegurado pela Declaração Universal dos Direitos dos Animais, entre outras leis de proteção aos animais.
    Além disso, os efeitos da relação animal de estimação-ser humano vêm sendo cada vez mais estudados e cada vez mais resultados positivos vêm sendo encontrados, conforme é possível perceber nos seguintes sites, por exemplo:saude.ig.com.br e animalplanet.discoverybrasil.uol.com.br. Em suma, ter um animal não só proporciona companhia e afeto para a pessoa, como também traz benefícios para a sua saúde física, social e psicológica, em diferentes etapas de sua vida, conforme mostra os seguintes estudos, por exemplo: Cães Domesticados e os Benefícios da Interação, A Importância do Vínculo para os Donos de Cães e Gatos nas Famílias Portuguesas e Aspectos Psicológicos na Interação Homem-Animal de Estimação.
    O problema é quando a pessoa que vai dar o animal e até mesmo a pessoa que vai doá-lo ou vendê-lo nem se quer se dá o trabalho de avaliar que tipo de animal é ideal para a pessoa que o receberá e se realmente esta pessoa tem condições de ter um, evitando desta forma que a relação entre ambos (animal-dono) se torne conflituosa. A evolução do pensamento humano sobre os animais é lenta e de acordo com a tese Posse Responsável e Dignidade dos Animais há quem ainda desconheça ou simplesmente ignore a dignidade animal, na qualidade de ser que sente, sofre, tem necessidades e direitos.
    Esta avaliação pode ser feita por meio de questionamentos, como por exemplo: Para quem será o presente, para uma criança, para um idoso, para uma pessoa com alguma deficiência física ou até mesmo mental? Qual o perfil da pessoa que será presenteada, é ativa, gosta de fazer atividade física, é calma? Qual a rotina dessa pessoa, quanto tempo fica fora de casa, quantas vezes por ano viaja, quanto tempo fica em casa, quanto tempo tem disponível? Para que ela quer o animal, para lhe fazer companhia, para guardar a casa? Qual a sua condição financeira? Qual o espaço disponível para o animal? Etc.
    Um dos serviços que ofereço para desencadear estes questionamentos é a Consultoria na Seleção de Um Animal de Estimação, aonde primeiramente conscientizo o cliente do que é ter um animal, para depois, se ele ainda o desejar, identificar o perfil mais adequado para ele, pois concordo com o artigo Direito dos Animais – Um Novo e Fundamental Direito, no qual está escrito que uma vez o homem sendo uma espécie animal, o animal é o outro do homem e por isso o homem não deve ser o único a ser tratado com respeito.
    Além disso, também concordo com o artigo Os Animais como Sujeitos de Direito, no qual está escrito que como agentes morais que somos, ou seja, indivíduos de juízos e deveres morais, não somente os donos de animais devem ser responsáveis, como as pessoas que os dão de presente e também as pessoas que os doam ou vendem, afinal os animais, como sujeitos morais que são, ou seja, indivíduos de estatuto e direitos morais, merecem ser tratados com dignidade.

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  3. Obrigada pelos comentários.

    O desafio de alinhar o compromisso possível com a provável duração da vida do animal é importante. Neste contexto, chamo atenção à possibilidade de adotar um animal com alguma idade. Tenho tido a oportunidade de acompanhar a distância a adoção de um gato de 14 anos que está a ser um sucesso pleno. Pode ser que os anos que venha a viver com a nova familia sejam poucos, mas se estes anos são bons e a familia adotiva consciente da idade do animal isto não é um problema. E estes animais são normalmente os que menos procura tem, pelo que não faltarão candidatos felinos e caninos à adoção.

    Seja por adoção, seja por outros vias de aquisição, são muito relevantes as considerações que Marina enumera: "Para quem será o presente, para uma criança, para um idoso, para uma pessoa com alguma deficiência física ou até mesmo mental? Qual o perfil da pessoa que será presenteada, é ativa, gosta de fazer atividade física, é calma? Qual a rotina dessa pessoa, quanto tempo fica fora de casa, quantas vezes por ano viaja, quanto tempo fica em casa, quanto tempo tem disponível? Para que ela quer o animal, para lhe fazer companhia, para guardar a casa? Qual a sua condição financeira? Qual o espaço disponível para o animal? "

    Quanto à Declaração Universal dos Direitos Universais dos Animais, não é um documento oficial e não faz parte do direito internacional. Já abordamos este assunto num outro post:

    http://animalogos.blogspot.pt/2013/01/o-dificil-conceito-de-direitos.html

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