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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Dia Internacional do Burro

Hoje, 8 de Maio, celebra-se o Dia Internacional do Burro. Comemoram-se assim estes animais que, ao longo dos séculos, têm trabalho em cooperação com os humanos não só como meio de transporte de pessoas e mercadorias, mas também como preciosos ajudantes na agricultura, para uso recreativo e até sendo usados para fins terapêuticos. 


É particularmente importante assinalar esta efeméride devido à ameaça de extinção que enfrenta a única raça autóctone portuguesa de gado asinino, o Burro de Miranda. 


A Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) - que trabalha no sentido de conservar o Burro de Miranda - convida assim os seus apoiantes a tirar uma fotografia ostentando com orgulho umas orelhas de burro, para lembrar o valor do burro em Portugal e no resto do mundo onde, principalmente nos países em desenvolvimento frequentemente vivem num estado de saúde e bem-estar abaixo do limiar do aceitável, por desconhecimento ou falta de recursos das famílias que tanto deles dependem.  

As cinco melhores fotografias serão seleccionadas e os respectivos participantes convidados a passarem um dia com os burros como prémio, tendo direito a participar nos trabalhos diários de alimentação e manutenção do Centro de Valorização do Burro de Miranda, a fazer um passeio de uma hora e a apadrinhar um dos animais. 

Procura assim a AEPGA promover a mensagem de que "o burro é um companheiro precioso que merece ter uma vida com qualidade, saúde e felicidade, e de que o Burro de Miranda, em particular, precisa de protecção."

4 comentários:

  1. A propósito de burros, gostaria de conhecer a opinião dos autores do blog sobre este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=bv2OGph5Kec

    Como explicam o comportamento do bode, à luz dos vossos conhecimentos de comportamento e bem-estar animal? Provavelmente, chamar "amizade" ao que une este bode ao burro é uma antropomorfização, mas então o que chamam os etólogos a este vínculo entre animais, em particular de espécies diferentes?

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  2. Como sou eu quem provavelmente menos sabe de comportamento animal, avanҫo com uma primeira explicaҫão.

    Somos informados que Mr G ‘viveu durante anos’ com Jellybean. Mr G é um bode castrado e pela sua conformaҫão e cornadura não terá mais de dois ou três anos. Jellybean, por outro lado, aparenta ser um jerico mais velho. A ligaҫão (‘attachment’) que Mr. G exibe perante Jellybean em tudo se assemelha à relaҫão de uma cria para com a sua projenitora. A meu ver a amizade de Mr G com Jellybean mais não é do que elo materno-infantil (‘mother-offspring bond’) porque provavelmente Jellybean desempenhou o papel de mãe de Mr.G desde tenra idade. Acresce o facto de que para mim não é claro se Jellybean é burro (castrado) ou burra. Se o elo materno-infantil corresponde a uma forma de amizade, já não sei responder.

    Claro que esta interpretaҫão deve ser encarada com cautela porque não sabemos também como reagiria Mr. G na presenҫa de outros burros ou de outros caprinos (faria ele a mesma festa?).

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  3. "então o que chamam os etólogos a este vínculo entre animais, em particular de espécies diferentes?"
    Preferred social relationship pode ser um bom termo, que também se aplica à amizade humana.

    Se entendemos amizade como um laço que perdura no tempo entre dois individuos que preferem estar juntos, não vejo grande antropormifização no uso do termo amizade, embora duvido que etologos escolherão o termo.

    Quem tive a oportunidade de observar por perto e durante tempo suficiente um grupo de animais sociais pode descrever muitos casos de relações sociais preferidas. Por vezes são ligações familiares, mas não exclusivamente.

    Este artigo é um exemplo recente de como etologos estudam estes fenomenos:
    http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0003347213000481

    Vemos que é um estudo sobretudo quantitativo, e de um grande grupo de animais, mas os animais são identificados como individuos.

    Há poucos estudos científicos sobre relações entre species em que uma das especies não é humana. São normalmente casos muito específicos e derivam de situações em que não houve animais da mesma especie. Se houver um grupo de cabras e um grupo de burros, é muito pouco provavel que uma cabra e um burro forma este tipo de relação - a preferência irá para individuos da mesma especie. Outra situação típica é quando uma cria de uma especie não pode ser criada pela mãe nem tem uma mãe adotiva da mesma especie. Penso que todos temos visto uma cadela criar gatinhos ou uma gata criar cachorros. Algumas femeas tem uma tendência maternal tão forte que ultrapassa o obstaculo de diferenças de especies (enquanto outras não aceitam cria nenhuma que não seja delas, mesmo se da mesma especie).

    Não sabendo mais sobre a historia dos dois é difícil interpretar mais do que Manuel já fez no comentário anterior. Mas é uma historia bonita!

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  4. Uma versão open access do artigo referido encontra-se aqui:
    https://www.escholar.manchester.ac.uk/uk-ac-man-scw:190116

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