tag:blogger.com,1999:blog-7684587946861102596.post3266424845899023264..comments2023-10-03T18:32:44.981+01:00Comments on animalogos: Pecuária Tradicional: o valor dos nossos recursos naturaisAnna Olssonhttp://www.blogger.com/profile/17336512136344701534noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-7684587946861102596.post-9894710115840938012012-07-19T14:14:35.937+01:002012-07-19T14:14:35.937+01:00A pecuária tradicional e a sua sustentabilidade é ...A pecuária tradicional e a sua sustentabilidade é um assunto que me é muito caro. Como dizes aqui, trata-se de facto de um agro-ecosistema com a sua própria estabilidade, confirmado pelo facto de que séculos deste tipo de agricultura não têm degradado o ambiente. Provavelmente antes pelo contrário: embora desconheço dados portugueses sobre a questão, sabemos de outros países de Europa que pastos extensivos ou semi-naturais são reservatórios importantes de biodiversidade. <br /><br />Quando se critica a pecuária pelo seu nefasto impacto ambiental – uma crítica sem duvida relevante para a vastíssima maioria – esquece-se muitas vezes que pecuária não é destrutivo por inerência. A prática humana de manter animais para comer os produtos que derivam deles tem razões de existir, uma questão que às vezes se perca no debate.<br /><br />O agrónomo e estudante de doutoramento Ruben Boonen de Leuven apresentou no congresso de EurSAFE uma palestra onde discutiu exatamente isso. Na sua “Feed efficiences in animal production: a non-numerical analysis”, ele divide a pecuária em três categorias:<br />- Produção em terrenos inutilizáveis para outros efeitos<br />- Conversão de proteína e energia inutilizáveis para outros efeitos<br />- Produção de superavit<br /><br />O que distingue os primeiros dois do terceiro (que descreve a vastíssima maioria da produção animal contemporânea) é a questão de competição pela utilização do terreno. Nos primeiros dois casos, os animais comem o que o ser humano não pode, no terceiro caso cultiva-se cereais e leguminosos para alimentação de animais de pecuária enquanto os mesmos terrenos e até as mesmas culturas podiam ter sido utilizados diretamente para alimentação humana. <br /><br />Isto se calhar são dados mais ou menos adquiridos para quem se interessa por estes assuntos. No entanto, às vezes é preciso lembrar-se do que é tão óbvio que corre o risco de ser esquecido. O que eu guardei em particular da palestra do Ruben Boonen foi a observação que aproveitamos não só a fisiologia dos animais (por exemplo a capacidade dos ruminantes de digerir celulosa) mas também o comportamento para converter o que é inacessível a nós em produtos como carne e leite. O tradicional pastoreio com pastor é um excelente exemplo disto, em que a cabra ou a ovelha faz o trabalho de encontrar o que é nutritivo e bom, seja nos arbustos ou no chão. Ou debaixo dele, se falamos de porcos ou galinhas.Anna Olssonhttp://animalogos.blogspot.comnoreply@blogger.com