Um dos maiores desafios para quem estuda comportamento e bem-estar animal é o facto de que a nossa perspetiva é sempre a de uma espécie diferente daquele que estamos a estudar. Sendo seres humanos, inevitavelmente percebemos o mundo do ponto de vista de um mamífero bípede com pouca pelagem e sem cauda.
Por isso, fiquei primeiro não só surpreendida como de facto algo incrédula quando li que os ratinhos crescem caudas mais compridas se tiverem mais material de cama nas suas caixas.
Mas faz sentido se consideramos a biologia do ratinho, que com o corpo peludo e a cauda sem pelos assegura uma boa parte da sua termo-regulação pela cauda. Quanto maior a cauda, e quanto mais exposto a temperaturas baixas, mais calor o animal perde. Os ratinhos com mais material de cama (neste caso granulado de madeira) consegue um micro-ambiente mais adequado às suas necessidades térmicas e não precisam de adaptar a sua anatomia às temperaturas mais baixas.
Para nós os desgraçados sem cauda, só resta agasalhar-se!