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sábado, 5 de março de 2011
Pig Business - O Filme
Os filmes em formato de documentário têm-se tornado cada vez mais um veículo previlegiado pelos grupos activistas para denunciar sistemas de produção animal intensivos e globalizantes. "Pig Business" (Director: Tracy Worcester, UK, 2009) é um produto desta estratégia que denuncia os investimentos feitos pela empresa norte-americana Smithfield na Polónia de forma a conquistar o mercado europeu de carne de porco. O filme - com legendagem de português do Brasil - está disponível na íntegra no You Tube.
Sem querer de forma alguma desvalorizar a relevância do tema, penso que a narrativa é por vezes demasiado linear e parece deixar de fora aspectos importantes na compreensão da dinâmica global de alimentos de origem animal. O filme recorre, em especial, à vox populi como forma de legitimar a demonização de todas as empresas de suinicultura que, de alguma forma, procuram o lucro, enjaulam animais, poluem o ambiente, propagam doenças, violam directivas europeias e esmagam os pequenos produtores. Da mesma forma, quando a realizadora quis mostrar um exemplo do pequeno produtor (30:05), não foi capaz de escapar ao esteriotipo da exploração familiar que vive em harmonia com a natureza a criar meia dúzia de animais e cuja triste condição se deve tão somente à incapacidade em competir com os preços praticados pelas grandes indústrias. Aí o filme parece atirar sobre todas as formas de globalização de forma indiscriminada, o que lhe rouba credibilidade sem acrescentar substância. A entrevista com um responsável da Smithfield (43:18) - que deveria ser um ponto alto da investigação da autora - cai no ridículo quando ela começa por comparar as fezes de 10 milhões de porcos com as de 100 milhões de pessoas.
Interessante foi a exibição de imagens de jaulas de reprodutoras numa suinicultura intensiva portuguesa (49:20) e que inaugura a questão do bem-estar animal, que ainda assim merece um tratamento superficial (qual a diferença das etiquetas "freedom food", "free range", "organic" ou "outdoor"? Podemos - ou devemos - colocá-las a todas dentro do mesmo saco?). Só no final (53:45), a autora procura contextualizar a política alimentar europeia mas limita-se a fazer uma entrevista de rua a um parlamentar anti-sistema sem a equilibrar com uma voz de dentro do sistema europeu que, mal ou bem, dita as regras.
Qual a sua opinião sobre este filme? E sobre a suinicultura intensiva?
Etiquetas:
alimentação,
bem-estar animal,
grupos activistas,
Manuel Sant'Ana
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