Texto da autoria de Cláudia Correia, Filipa Abreu e Maria da Paz Pereira
Alunas da Pós-graduação em Bem-estar Animal, ISPA
Uma das grandes causas da posse insuficientemente ponderada de animais de companhia reside na insistência das crianças no seio familiar. A sensibilização das crianças para este tema deve, pois, ser uma acção enquadrada na estrutura escolar (com pais e educadores, professores, animadores de ATL’s, etc.). Este é o ambiente ideal para ensinar e promover práticas de bem cuidar e, ao mesmo tempo, incutir atitudes conscientes em relação à posse, pois um dos factores que desperta o desejo numa criança de ter um animal é a imitação e a influência dos pares. Em paralelo ao ambiente escolar, as associações de protecção de animais abandonados e os canis/gatis podem também exercer importante influência nas crianças alertando-as para os problemas do abandono dos animais e promovendo alternativas à posse de um animal, com apadrinhamentos, horários de visitas para cuidar de alguns animais, fazendo-lhes companhia ou levando-os a passear, ofertas de brinquedos, etc. As escolas de treino de animais podem também ser um importante veículo para ensinar os donos a corrigir problemas que se poderão agravar no futuro e levar à negligência do trato ou mesmo abandono e as crianças, cujos pais procuram estas escolas, devem acompanhar os seus animais e envolverem-se de modo a compreender as suas necessidades e tudo o que está em causa quando se toma posse de um animal de estimação.
Educar para uma posse responsável dos animais implica que os educadores ensinem as crianças a tomar decisões ponderadas e, por outro lado, crianças que aprenderam a ser responsáveis com os seus animais podem influenciar os comportamentos dos adultos e promover alternativas conscientes. As grandes lições de vida passam pelas difíceis decisões que se aprendem a tomar. Sendo as crianças um factor de peso tão grande na influência da aquisição de um animal de estimação, podem ser elas a sugerir alternativas à posse de um animal, algo muitas vezes esquecido pelos adultos. Por outro lado, sendo possuidoras, podem partilhar o seu animal.
Manter com os outros seres (não humanos) relações saudáveis e conscientes permite a construção de pilares sociais onde as crianças que hoje cuidam de modo responsável virão a ser adultos incapazes de abandonar um animal de estimação à sua sorte. Crianças com conceitos corretos de relacionamento com os animais virão a ser adultos com características sociais mais estruturadas e assentes em valores que enriquecem as relações não só entre humanos e animais, mas entre os próprios humanos.
De facto a formação e sensibilização das crianças é o factor mais relevante para a alteração de mentalidades e atitudes, pois elas são o futuro da sociedade e do planeta. Neste contexto,é imperativo que os pais/educadores tenham a capacidade de formar, analisar e/ou recusar as propostas das crianças.
ResponderEliminarUm animal não é um mero objecto, não é uma prenda , devendo ser encarado como um ser vivo com estatuto moral, um amigo ou mesmo um membro da família.
O acto de adquirir um animal deve ser ponderado segundo diversos critérios (tipo de habitação/espaço, disponibilidade temporal, condições financeiras, entre outros). É importante uma reflexão acerca do tipo de animal a escolher, se um de gaiola (hamster, coelhos, aves), ou um gato ou cão. Na opção por estes últimos é especialmente relevante o tipo de raça/perfil comportamental e o tamanho.
No fim de todas estas análises deve-se pensar acerca do tipo de actividades que lhes devemos proporcionar para evitar “acidentes” e promover o seu bem-estar. Tal como referido neste post temos a opção de uma escola de treino, que se revela bastante eficaz. Contudo, independentemente da escolha que se faça, deve-se ter em consideração factores como a disciplina, exercício e afecto no sentido de se assegurar uma boa educação ao animal.
É ainda importante salientar a importância da relação animal/criança como promotora de uma melhoria da sua capacidade social para esta última, fomentando a construção da personalidade e o desenvolvimento do carácter.
brigado pelo comentário, Sara. Concordo consigo que um tipo de escolha é de facto entre um animal "de gaiola" e um que vive em mais liberdade dentro da casa*, como habitualmente um cão ou um gato. Na sua opinião, em que situações acharia preferível um animal "de gaiola"? Em que um cão ou gato?
ResponderEliminar*Embora, mesmo para o animal cuja casa principal será uma gaiola pode haver periodos de maior liberdade e interação, como acabei de refletir aqui http://animalogos.blogspot.pt/2011/10/animas-desnaturalizados.html?showComment=1362998006387#comment-c2196425004881922800s: em que situações recomendaria um animal "de gaiola"? em que um cão ou gato
Na minha opinião, esta questão não é de resposta única, uma vez que existem várias variáveis que não são de fácil compreensão, sendo algumas delas de foro pessoal e relacionadas com os gostos/preferências de cada um.
EliminarContudo, existem alguns parâmetros que nos podem orientar na escolha, de modo a reduzir o erro ao mínimo e evitar possíveis situações de abandono/negligência: disponibilidade temporal e espaço.
Se o futuro dono possuir ambas as condições acima referidas, então poderá optar por um cão, pois este necessita de bastante atenção e exercício diário.
Se possuir menos tempo mas tiver espaço, então poderá optar por um gato, pois em geral este tem um temperamento que o leva a ser mais independente.
Se estes dois critérios não poderem ser garantidos de forma satisfatória mas ainda assim existir uma forte vontade de possuir um animal poderão escolher um animal “de gaiola”.
Concordo consigo quando refere que os animais “de gaiola” devem ter períodos de maior liberdade e interação; referindo uma experiência pessoal com periquitos australianos, em várias ocasiões os tive a voar pela casa, ou até no meu ombro. Tinham a liberdade de sair, voar pela varanda e a possibilidade de reentrarem na gaiola quando o desejassem, sempre com a minha supervisão.
Além dos critérios acima referidos, é também importante referir que é necessário ter alguma disponibilidade financeira para ter animais, pois existem vários custos - alimentação, cuidados veterinários – a ter em conta.
Acima de tudo, o futuro dono, após a escolha do animal, deve aprofundar o seu conhecimento sobre o mesmo a vários níveis – fisiológico, social, alimentar, etc.. – para que o bem estar esteja assegurado.
Em suma, os parâmetros acima mencionados poderão uma base de orientação para a escolha do animal, mas é fundamental não ignorar a subjectividade associada aos gostos pessoais de cada um – por exemplo, poderemos ter espaço e disponibilidade temporal mas termos preferência por animais “de gaiola”-.
Optar por um cão, gato ou animal “de gaiola” é uma decisão que tem de ser ponderada entre o que são as nossas preferências e as condições que temos, de modo a podermos proporcional bem-estar ao nosso amigo e sentirmo-nos felizes e realizados com a sua presença na nossa vida.
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