Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um peculiar filósofo alemão, fundador de uma corrente ético-filosófica denominada pessimismo metafísico. “Viver é sofrer”, dizia ele, e para esta visão não terão sido alheios o suicídio de seu pai quando Arthur tinha 17 anos e a má relação com a mãe, com quem rompe em definitivo aos 26.
A base do pensamento de Shopenhauer é a filosofia kantiana, a qual funde com as escrituras hindus. Foi ele o responsável pela introdução do pensamento oriental (nomeadamente as religiões da Índia, o Hinduísmo e o Budismo) na metafísica alemã. Contemporâneo de Hegel e opositor visceral das suas teorias, envolve-se numa batalha de protagonismo na Universidade de Berlim, da qual sai perdedor. A sua obra maior é O Mundo como Vontade e Representação, publicada nos finais de 1818. Bertrand Russell diz que Shopenhauer dava enorme importância a esta obra, chegando a dizer que alguns parágrafos tinham sido ditados pelo Espírito Santo. Vivendo em permanente litígio com os seus pares, Shopenhauer lamentava-se da miséria da condição humana e considerava os seres humanos cegos de egoísmo. "Não existe felicidade", dizia ele, "porque um desejo irrealizado causa pena e, se atingido, saciedade".
O temperamento de Shopenhauer foi-se tornando progressivamente mais irascível e solipso. Com 45 anos instala-se em Frankfurt e durante os vinte e sete anos que aí viveu, dedicados em exclusivo à reflexão filosófica, levou uma vida solitária, tendo só um cão por companhia. Schopenhauer era amante de cães pois, segundo ele, entre os cães - e contrariamente ao que ocorre entre os homens - a vontade não é dissimulada pela máscara do pensamento. Durante estes anos, Shopenhauer teve uma dinastia de Caniches, sempre de nome Atma, que significa “alma do mundo” em hindu.
A predilecção de Schopenhauer por animais era filosoficamente justificada: ele argumentava que os animais não-humanos possuíam a mesma essência dos humanos, apesar da ausência de razão. Embora não praticasse o vegetarianismo e o considerasse facultativo, defendia que os direitos dos animais deviam fazer parte da reflexão moral. Opunha-se à vivissecção, muito utilizada por pensadores e cientistas da época, e criticou furiosa e demoradamente a ética Kantiana por não incluir os animais no seu sistema moral.
Nietzsche, muito influenciado pelo seu pensamento, apelidava-o de “cavaleiro solitário”. Na sua vida é difícil encontrar provas de virtude, excepto para com os animais. A sua visão da natureza humana era de tal modo pessimista que, quando faleceu a 21 de Setembro de 1860 vitimado por uma pneumonia, deixaria todos os bens ao seu caniche Atma, a alma do mundo.
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segunda-feira, 5 de novembro de 2012
2 comentários:
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Uma pequena reflexão:
ResponderEliminarAo dar o mesmo nome a todos os cães, nega-se a individualidade do cão?
No caso do Schopenhauer poder-se-ia especular que tratasse de uma representação da 'canidade'.
Mas não é raro ver esta prática, e sobretudo para cães. Sempre associei a o cão ser visto como quem cumpre uma determinada função (guarda, pastor etc). Por outro lado, há famílias em que por tradição o primogénito masculino ter sempre o mesmo nome, geração após geração, sem que isto implica a negação da sua identidade pessoal.
A tradição secular da heráldica serve para perpetuar o nome ou o sobrenome familiar. Aplicando-o num nosso amigo de estimação simboliza a equivalência do amor seja humano seja animal.
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