Fonte: BBC - Poisoning drives vulture decline in Masai Mara, Kenya |
Está a decorrer uma petição enderaçada aos Comissários Europeus do Ambiente e da Saúde para abolir o uso do medicamento veterinário Diclofenac no espaço europeu. Este anti-inflamatório não esteróide é usado há décadas no combate da dor e inflamação em ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos). Trata-se, no entanto, de uma droga altamente nefrotóxica noutras espécies, nomeadamente cães e aves. Especialmente vulneráveis são as espécies necrófagas - como os abutres - que se alimentam das carcaças de ruminantes medicados com diclofenac. Segundo o Programa Antídoto-Portugal:
dados relativos à mortalidade massiva de várias espécies de abutres em países asiáticos, nomeadamente na Índia e no Paquistão (...) revelaram que a elevada diminuição anual de adultos e sub-adultos se devia à insuficiência renal que era provocada pela ingestão de cadáveres com resíduos de Diclofenac, um anti-inflamatório de uso veterinário com que os ruminantes são medicados naquela região (Oaks et al. 2004).
Com o advento de novas drogas mais seguras e eficazes (como o meloxicam) o uso sistémico de diclofenac não apresenta qualquer benefício (para os animais tratados, a saúde pública e as espécies selvagens) que não seja o seu baixo preço. No entanto, a sua comercialização é permitida em Espanha e Itália, onde residem 80% dos abutres da Europa. Acresce o facto de que qualquer medicamento veterinário vendido em Espanha rapidamente se torna disponível em Portugal, já que existe um mercado paralelo que permite que os produtores pecuários se abasteçam, sem grandes dificuldades, de medicamentos para os seus animais no país vizinho.
O valor ecológico dos abutres - espécies que podem ser facilmente avistadas em Portugal nas regiões raianas do Tejo e do Douro Internacional - é inestimável e o seu papel na remoção de carcaças e prevenção de doenças insubstituível. Assinar a petição é, por isso, um dever de cidadania.
O valor ecológico dos abutres - espécies que podem ser facilmente avistadas em Portugal nas regiões raianas do Tejo e do Douro Internacional - é inestimável e o seu papel na remoção de carcaças e prevenção de doenças insubstituível. Assinar a petição é, por isso, um dever de cidadania.
Não está explícito no teu texto, mas entende-se que é proibido em Portugal, certo?
ResponderEliminarEu penso que sim, mas não estou totalmente seguro. O Diclofenac não aparece na Lista dos Medicamentos Veterinários Autorizados pela Direcção Geral de Alimentação e Veterinária. Mas eu sei que ele é usado em soluções tópicas para tratar uveites (problemas oculares) em equinos. Há uma grande diferença entre um produto não estar registado e ser proibido. Proibir um princípio activo (neste caso o Diclofenac) impediria o seu uso off-label. É comum prescreverem-se medicamentos fora do propósito para que foram originalmente aprovados, segundo o critério médico.
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