Macacos que supostamente se reconhecem ao espelho
(implantes ocultados na fotografia) Fonte: aqui
Os autores defendem que, até agora, os macacos não tinham revelado esta capacidade devido ao método tipicamente utilizado, que consiste em pintar uma mancha de tinta no topo da cabeça do animal. O argumento é que a mancha não constitui um foco de interesse suficientemente relevante para que os macacos ultrapassem o receio de fitar fixamente o seu reflexo (inicialmente, estes primatas encetaram típicos comportamentos sociais) ou que lhes cative suficientemente a curiosidade. Contudo, verificaram que macacos implantados com um pequeno sensor no crânio (para um outro estudo), algo manifestamente mais "vistoso", manifestavam consistentemente comportamentos que os autores classificam como "dirigidos ao próprio" (self-directed) não só directamente relacionados com o implante, mas também para os genitais, de outro modo inacessíveis à vista.
As evidências apontadas neste artigo têm sido contestadas por alguns e aceites por outros na comunidade científica (decida por si observando este vídeo) A New Scientist desta semana dá algum destaque a esta questão, aproveitando para evocar estudos publicados no passado sobre alegados comportamentos de "auto-reconhecimento" em frente a espelhos em outros primatas do novo mundo, mas que nunca foram reproduzidos e que levaram mesmo a que alguns artigos fossem retractados.
Se se vierem a confirmar estes dados surpreendentes, teremos que deixar de aceitar o "auto-reconhecimento" num espelho como uma característica distintiva dos grandes hominóides.
Vale a pena, no entanto, reflectir se o conceito de "self-recognition" é a única prova de "self-awareness", como consta no supra-citado artigo. Não têm todos os animais sencientes, em alguma medida, noção do "eu"? O "instinto" (não gosto nada desta palavra) de autopreservação, em si, não poderá ser entendido como um desejo, uma motivação consciente para preservar esse "eu", pelo menos para mais algumas espécies que não as "auto-reconhecíveis"?
Mesmo que se venha a provar que os macacos Rhesus afinal até nem se reconhecem num espelho, será que isso significa que têm menor consciência de que, ou quem, são?
Gostei da forma como abordaste este assunto e concordo que SELF-RECOGNITION não é sinónimo de SELF-AWARENESS. Existe, no entanto, um estudo de 2008, publicado na PLOS Biology (http://www.plosbiology.org/article/info:doi/10.1371/journal.pbio.0060202), que pela primeira vez encontra evidências de SELF-RECOGNITION fora dos hominóides, no caso a Pega Rabuda (uma ave!). E fico com a impressão que só não se encontra mais evidências deste género noutras espécies porque, da mesma forma que desconhecemos a forma como os animais se reconhecem como indivíduos, também não saberiamos avaliar as reacções comportamentais correspondentes. Eu não duvido, aliás, que o meu cão tem alguma forma de self-awareness mas sei que colocar-lhe um espelho à frente e pintá-lo de azul não é a melhor forma de o descobrir...
ResponderEliminar"There is probably not a single clear and simple link between this ability (recognising self image in a mirror) and the cognitive capacities of any organism that has it. Mirrors do not occur in nature, so this test is measuring something in an abstract and arbitrary way. Therefore, even though we can divide the world of animals (vertebrates, really) into those that recognize themselves in the mirror vs not, we are not really dividing these species into those with a particular trait versus not. Passing (or not) this test does not indicate a particular trait, necessarily . It indicates something, but the test should be presumed to be insensitive to the specific nuances that would separate, for instance, bird from monkey or elephant from ape."
ResponderEliminarSource: http://scienceblogs.com/gregladen/2010/08/the_magpie_in_the_mirror_1.php
É exactamente isso!!! Quanto à inteligência das aves, há muito que a mesma me intriga e apaixona, principalmente a dos corvídeos e psitacídeos, e à qual procurarei dedicar um tópico, assim que puder.
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