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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

És um Animal, Viskovitz ! - Breve Recensão


Alessandro Boffa
És um animal, Viskovitz!
Tradução: Tiago Guerreiro da Silva
LIVRODODIA Editores, Torres Vedras, 2010

"Por ela já tinha perdido a cabeça". Assim termina a sintética história da vida - efémera mas intensa - de Viscovitz, um jovem louva-a-deus apaixonado (pode lê-la aqui). Esta é apenas uma das 20 fábulas em que Alessandro Boffa recorre ao lugar comum, ao cliché, para depois o desconstruir e assim criar cenários risíveis mas inteligentes sobre as vidas de outros tantos animais. Biólogo de profissão, o autor alia conhecimento científico a imaginação, de modo que, mesmo não sabendo o que é um mantídeo, o leitor não teria dificuldade em identificar a que animal pertence o anterior ritual de acasalamento.

Viscovitz é um personagem eminentemente humano - um anti-herói ? - mas que se metamorfoseia sucessivamente de escorpião a formiga, de camaleão a cão, na busca continuada pelo amor de Ljuba. Esta pulsão sexual é a linha que une todos os quadros retratados e somos assim introduzidos, através do humor, ao difícil mundo da reprodução animal (as desventuras do caracol e do tentilhão são verdadeiramente hilariantes). E, na verdade se pensarmos em termos evolutivos, é isso que conta para a sobrevivência da espécie. Incluíndo a nossa. Já Aristóteles, em História dos Animais, escrevia:

"A vida dos animais pode, então, ser dividida em dois actos: procriação e alimentação; Pois é nestes dois actos que se concentram todos os seus interesses e toda a sua vida. (...) E como tudo o que é conforme com a natureza é agradável, todos os animais buscam o prazer, mantendo a sua natureza.”
Historia Animalium, Livro VIII

Originalmente publicado em 1998 em língua italiana, "Sei una Bestia, Viscovitz!" é um sério trabalho de entretenimento que fará as delícias de todos aqueles que se interessam pelo mundo natural. Nota ainda para o excelente trabalho de tradução de Tiago Guerreiro da Silva já que, apesar da profusão de termos técnicos, o texto não perde a sua melodia e simplicidade.

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