Esta história soube-a há dois meses atrás por uma crónica da Ana Bacalhau no DN. O artista de Taiwan Tou Yun-Fei capta uma última imagem de cães vadios minutos antes de serem eutanasiados (saiba mais aqui). O projecto chama-se Memento Mori e pretende chamar a atenção para o abandono de animais naquela ilha do sudeste asiático. A pose estudada, aliada ao equilibrado jogo de luzes, confere uma qualidade particular às fotografias. De tal forma se assemelham a retratos humanos que quase somos levados a acreditar que os cães estão, de facto, conscientes do seu destino o qual encaram com dignidade. Mas podem os cães - abandonados ou não - ter dignidade?
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sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Prevenção da mordedura canina - Mesa Redonda
A Associação Psianimal promove, dia 23 de Setembro, pelas 17.30, uma Mesa
Redonda subordinada ao tema "Programa de prevenção da mordedura canina",
que terá lugar na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa.
Após várias notícias relacionadas com ataques de cães de raças
potencialmente perigosas, a realização deste debate tem como objectivo a
reflexão e discussão da situação actual em Portugal, bem como, a implementação
de medidas para evitar estes acidentes, destacando-se a educação da população.
O objectivo é perceber as causas para se poderem prevenir e evitar os danos
causados pelas dentadas caninas.
A mesa redonda
irá dividir-se em dois momentos. Primeiramente, pretende-se partilhar os
diferentes pontos de vista de diversos profissionais que lidam directamente com
este problema, seja com os cães, donos ou vítimas. Num segundo momento o
objectivo é alargar a discussão à audiência, onde contamos com a presença de
profissionais com diferentes experiências
que nos irão ajudar a delinear medidas para se prevenirem estes acidentes.
No debate estarão os seguintes convidados: Sónia Ramalho - jornalista (moderadora), Gonçalo da Graça Pereira (Presidente da PsiAnimal), Nuno Vieira e Brito (Director Geral de Alimentação e Veterinária), o presidente da Associação de Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia, Dra Clara Alves Pereira (Médica Pediatra) e entre outros a confirmar.
A mesa redonda
está inserida no primeiro fim-de-semana do II Congresso da Psianimal, onde
vários temas sobre comportamento e bem-estar animal serão abordados. Dos vários
temas realçamos a palestra "Prevenir a agressividade em cães: a
solução!" pela Dra. Tiny De Keuster,
domingo, às 16.00, e a demonstração de cães
de assistência pela Bocalán Portugal, no
sábado, pelas 18.00.
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animais na sociedade
terça-feira, 18 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Desmistificar a agressividade canina
O último mês de Agosto foi pródigo em notícias (aqui e aqui) de acidentes com cães de raças consideradas perigosas e que resultaram em mortes ou lesões graves em pessoas. A agressividade canina é um daqueles temas que mais padece de raciocínios erróneos ou mistificados. Por isso é que a opinião da colega e amiga Mónica Roriz (MR), na página web da revista profissional Veterinária Atual, é tão importante. Num artigo chamado Os Potenciais Perigosos, MR procura desmistificar o binónio agressividade - perigosidade associado a certas raças de cães, com especial incidência no papel do médico veterinário. Um dos aspectos que MR refere diz respeito ao procedimento, considerado de boa prática clínica, de isolar o cachorro durante o período de primovacinação, que normalmente ocorre entre o mês e meio e os quatro meses de vida. No entanto, este é também o período crítico de sociabilização do animal, que em grande medida determinará o seu comportamento futuro, altura em que o cachorro deve ser exposto ao maior número possível de estímulos. Os dois pontos de vista têm sido tomados como inconciliáveis, com os médicos veterinários a privilegiarem a protecção da saúde do animal (e do seu bem-estar físico) em detrimento do seu comportamento (mais relacionado com o seu bem-estar mental). As razões para esse facto permanecem por esclarecer mas atrever-me-ia a apontar a existência de lacunas consideráveis no ensino universitário do comportamento animal. Uma boa forma de colmatar essas lacunas é através da formação pós-graduada, existindo já ofertas de cursos on-line especificamente direccionados para médicos veterinários. A não perder também o Congresso da PSIANIMAL que decorre este mês em Lisboa, sendo o primeiro fim de semana inteiramente dedicado à agressividade canina e felina. A forma como MR descreve o fatídico caso do dogue argentino faz-nos pensar que mais (e melhor) poderia ter sido feito no acompanhamento (e aconselhamento) daquela família.
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Manuel Sant'Ana
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Quando os macacos se apaixonam: Recensão
Por Paulo Gama Mota, Director do Museu de Ciência e Professor Associado da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra.
Com o subtítulo ‘A vida afetiva dos animais: das pequenas formigas aos gigantes elefantes’, esta obra de George Stilwell (Edição Esfera dos Livros, 2012) procura apresentar a um público leigo, mas interessado, alguns aspectos mais interessantes e singulares do comportamento reprodutivo dos animais. O livro está bem escrito, num estilo rápido e cativante, em que o autor recorre com grande frequência a analogias humanas, que contribuem, através de paralelismos antropomofizantes, para criar uma ligação e empatia com o comportamento desses animais.
O olfacto sexual das moscas da fruta, machos de abelha cujos genitais ficam na fêmea, pavões com caudas que são semáforos sexuais, pénis destacáveis do argonauta, os repertórios do pardal-cantor, o contraditório macho esgana-gata, a monogamia dos pinguins reais, o parasitismo dos cucos, a sabedoria intrínseca de um picanço a atacar um escorpião, a aprendizagem social em corvos, o desenvolvimento do canto em bicos-de-diamante, o logro químico nas formigas, ou visual nos pirilampos, são alguns dos muitos exemplos passados em revista. A narrativa não se detém muito em cada exemplo. Apresenta-o com uma pincelada, de onde se destacam os elementos com que se pretende ilustrar uma regra, ou um princípio do comportamento, ou uma singularidade. O livro organiza-se em sete capítulos abordando questões reprodutivas como a escolha do par, a gestação, ou os cuidados parentais, e outras que decorrem da existência, como a complexa questão do desenvolvimento do comportamento, a vida social e as situações de cooperação e conflito.
O estilo da escrita adequa-se bem ao público-alvo, não procurando uma caracterização exaustiva do comportamento reprodutivo dos animais, com exposição das teorias explicativas associadas. A preocupação do autor vai antes no sentido de suscitar o interesse do leitor que conduza a outras leituras mais aprofundadas sobre um determinado tema. Mostrar quão fascinante e diversificado pode ser o comportamento animal, é a principal motivação do autor.
À organização dos exemplos subjaz um conjunto de princípios e teorias científicas, que apenas são aflorados para uma explicação contextual. Os comportamentos extra-par são justificados para aumento da diversidade genética, ou da evolução dos cuidados parentais em função das vantagens para a espécie, ou a evolução do canibalismo filial que é apresentada como vantagem selectiva para a descendência.
É aqui que encontramos problemas na consistência teórica de alguns argumentos.
A obra oscila entre a lógica do interesse da espécie e a do interesse dos indivíduos ou dos genes, adoptando frequentemente a posição do ‘interesse da espécie’, como é claramente explicitado logo no início, na p. 18 e depois na explicação dos conflitos de interesses entre os sexos quanto aos cuidados parentais (p. 78-9) ou na forma confusa como o assunto do canibalismo é tratada (p.103-5). O argumento ‘para o bem da espécie’ foi desmontado no campo teórico, na década de 60, pelos trabalhos de George Williams, Bill Hamilton e John Maynard Smith, que mostraram que o comportamento evolui não por causa do interesse da espécie, mas o dos indivíduos ou dos genes que transportam. Quando um macho de leão matam as crias de outros machos, a fêmea fica fértil mais cedo, o que implica que pode mais rapidamente conceber crias do novo macho. O comportamento não é vantajoso para a espécie, mas evoluiu por ser evolutivamente vantajoso para o macho em questão.
Um outro aspecto que me merece crítica é o raciocínio teleológico subjacente à análise dos processos evolutivos: “A racionalidade da Evolução faz-se sentir na forma como reajusta o sucesso reprodutivo […] à exigências da situação”(p. 20) e que encontramos em inúmeras passagens na obra. A evolução resulta de um processo puramente mecanístico decorrente de haver diferenças genéticas entre os indivíduos e de estes competirem por recursos. Atribuir-lhe uma inteligência e uma intencionalidade que não possui, embora possa facilitar o discurso e a explicação, é errado e conduz inevitavelmente a que se construam quadros mentais errados sobre a evolução dos comportamentos.
O estilo de analogias antropomorfizantes utilizado para criar familiaridade ou fazer uma piada com a situação, com referências a reduções nas saídas do casal ao cinema (p. 64) como analogia para os custos dos cuidados parentais, ou às fêmeas preferirem a inteligência à força bruta (p. 21), pode ser excessivo para alguns, ao cruzar uma linha fina entre descrição factual e interpretação excessiva. Há vantagens e desvantagens neste processo de escrita, que o autor reconhece ao discorrer, no prefácio, sobre a intencionalidade do comportamento animal e sobre as inferências que nos é permitido fazer acerca da mesma. Neste caso, as vantagens de aproximação com o leitor compensam as desvantagens da interpretação distorcida ou menos precisa.
De um modo geral, o propósito de divulgação do comportamento sexual entre os animais é conseguido de forma interessante, embora o estilo antropomorfizante possa provocar uma reacção menos positiva por parte dos biólogos do comportamento. Uma revisão da discussão sobre conceitos evolutivos, em futuras edições deste livro, seria desejável para que possa melhor servir a sua dupla função de entreter e de informar.
sábado, 1 de setembro de 2012
Animal Mosaic - outra forma de comunicar o Bem-estar Animal
Sob a égide da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, na sigla inglesa), ANIMAL MOSAIC é o mais recente site dedicado ao Bem-estar Animal. O site propõe ser uma plataforma de debate e fonte de informação sobre o mundo animal e da forma como as questões de bem-estar se relacionam com outras preocupações globais.
Das muitas fontes de informação disponíveis, é de destacar a versão renovada da ferramenta Concepts of Animal Welfare, que anteriormente só estava disponível em CD-ROM. Esta pode ser uma boa maneira de se iniciar no multifacetado mundo (científico e filosófico) do Bem-estar Animal. Outra ferramenta importante é o Sentience Mosaic, que se vem assim juntar ao já existente Animal Sentience da Compassion in World Farming, outro site de uma ONG dedicado à consciência animal. O Sentience Mosaic providencia um Fórum de discussão sobre temas de senciência, consciência e cognição animais (e já com algumas entradas).
Ambas as ferramentas, no entanto, devem ser usadas com um alerta: as visões nelas expressas não reflectem todo a panóplia de opiniões existente no universo do Bem-estar Animal. Elas são o reflexo das estratégias e campanhas levadas a cabo pela WSPA. Na qualidade de organização líder mundial em protecção animal, a WSPA veicula uma mensagem marcadamente antropomórfica do comportamento animal, como aliás se pode perceber pelo vídeo, e que não é partilhada por todos os cientistas e filósofos.
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