Texto
escrito por Bárbara Nabo, José Paulo Rego e Sara Martins, alunos do curso de
Pós-Graduação em Bem-Estar Animal, ISPA.
Estamos a viver um período
acelerado de transformações e mudanças com evidentes reflexos sobre os valores
que orientam a vida individual e da sociedade. Vivemos num cenário de
transformações, mudanças, polémicas e incerteza sobre o futuro, no qual a educação
tem um papel fundamental na busca de respostas sobre o que ensinar e como
educar para esse futuro imprevisível.
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Em consequência, multiplicam-se
as campanhas de protecção, mesmo para espécies que são maltratadas em locais
tão distantes como a China ou o interior de África; generalizou-se o
melhoramento das condições de vida e abate dos animais destinados à alimentação
humana, enquanto as ideias de alimentação com base em fontes alternativas de
proteína ganham mais divulgação; e surge uma ética para a conduta urbana de
pessoas que têm animais de companhia. Mesmo as entidades oficiais, nomeadamente
as autarquias, têm programas de recolha de animais abandonados e algumas
utilizam a sua autoridade para proibir ou pelo menos condicionar algumas
práticas tradicionais. A
Camara Municipal de Lisboa acabou de anunciar a reformulação do canil/gatil
municipal numa Casa do Animal, incluindo um Provedor do Animal para
supervisionar o funcionamento.
Apesar disso, na sociedade
actual, o abandono dos animais de estimação, em particular cães e gatos, é
elevado, sendo frequente depararmo-nos cada vez mais com animais errantes a vaguear
pelas ruas
Descreve
o jornal Expresso que as razões dadas pelas pessoas são: “(...) as
alergias, os divórcios ou as férias de Verão, ás quais se junta agora a falta
de dinheiro e a taxa de emigração”. O jornalista acrescenta que “tudo isto faz
um cocktail onde, além do sofrimento dos animais, se alastra a problemas de
saúde pública e até de segurança para as pessoas.”
À educação é solicitado que
contribua para a superação desta crise, com mudanças não apenas nos conteúdos e
métodos, mas principalmente, na sua vertente formativa, com destaque para o
papel da escola como espaço educativo global, em que os aspectos racionais e
legais se cruzam com os éticos e estéticos, para
a educação dos valores e dos afectos.
A espécie humana tende a dominar o meio e a considerar-se superior às outras. Apenas no século passado, a noção de ecossistema e da importância repartida de todas as espécies de seres vivos na manutenção da vida como a conhecemos veio questionar essa atitude, e criou condições para se pensar nos direitos que os animais deverão ter como seres vivos, mesmo quando se considere que algumas espécies possam estar ao serviço directo da espécie humana, como os animais domésticos, ou outros.
A espécie humana tende a dominar o meio e a considerar-se superior às outras. Apenas no século passado, a noção de ecossistema e da importância repartida de todas as espécies de seres vivos na manutenção da vida como a conhecemos veio questionar essa atitude, e criou condições para se pensar nos direitos que os animais deverão ter como seres vivos, mesmo quando se considere que algumas espécies possam estar ao serviço directo da espécie humana, como os animais domésticos, ou outros.
A
educação tem portanto, um papel decisivo nesta mudança de atitude, não só
ao nível do conhecimento científico, da divulgação das descobertas sobre o
comportamento animal que vão sendo feitas e que permitem desenvolver ética
animal, mas igualmente na formação de pessoas mais informadas e portanto mais
conscientes do respeito que os outros seres vivos lhes devem merecer.
Assim, a ética animal, sendo uma
conquista recente da humanidade, reforça (re)aprendizagens importantes no
contexto do comportamento humano, como o esprírito de solidariedade, de sentido
crítico e de intervenção activa e promove a emergência de um conjunto de
valores e crenças que contribuem positivamente para o desenvolvimento das
sociedades.
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