Há uns três anos atrás fiquei muito impressionado com a curta-metragem Midway, que retratava os terriveis efeitos da poluiҫão marinha. Chris Jordan, o realizador, embarcou numa aventura de dois anos a um dos lugares mais desolados da Terra - o atol de Midway, no meio do Oceano Pacífico Norte - onde testemunhou uma tragédia: a morte por inanição de milhares de albatrozes que confundiam o lixo flutuante (em especial plástico) por alimento. Jordan filmou como quem pinta naturezas mortas, compondo carcaças sem vida adornadas por letais pedaços de plástico colorido. O mesmo enquadramento visual para transmitir uma mensagem igualmente moralizante: que a poluição dos oceanos é, de facto, um importante problema ambiental.
A poluiҫão dos oceanos tem sido encarada mais como um problema local (sempre que há um derrame de crude ou uma descarga de resíduos industriais) do que propriamente como um problema global. Além disso, o tema da poluição, especialmente a poluição marinha, parece ter perdido o ímpeto para outros temas mais populares e "quentes" da agenda ambiental, nomeadamente as alterações climáticas e do aquecimento global. Porém, os efeitos dos plásticos nos oceanos são devastadores. Embora não sejam biodegradáveis, os plásticos são fotodegradáveis, o que significa que se vão desfazendo, por acҫão da luz, em particulas cada vez mais pequenas mas sem nunca desaparecerem do ambiente. Esses microplásticos são depois ingeridos e transmitidos pela cadeia trófica com consequências para a nossa saúde e a de outros animais que só agora comeҫamos a compreender.
Uma das 'naturezas mortas', de Chris Jordan |
Estima-se que cerca de 300.000 toneladas de lixo plástico flutuem actualmente nos nossos oceanos. Muito deste material concentra-se em verdadeiras ilhas flutuantes de lixo (ou vórtices), em zonas remotas dos oceanos, e a sua remoҫão foi sempre vista como inviável. Mas um adolescente chamado Boyan Slat desenvolveu uma solução incrivelmente simples e viável para remover os cinco principais vórtices de plástico identificados pelos cientistas. Vejam a proposta de Boyan no seguinte Prezi:
Limpar o lixo dos oceanos é possível.
Saiba mais em The Ocean Cleanup e contribua para concretizaҫão deste projecto!
É um documentário breve, mas pungente. Atinge-nos como um murro no estômago e aproxima de nós um problema que parece longínquo. É este, aliás, um dos problemas, aqui. O lixo é levado das nossas casas, das nossas ruas, e não sabemos para onde vai parar. Na maior parte dos países europesu, por exemplo, até há uma gestão e processamento (mais ou menos) responsáveis dos RSU. Mas e no resto do mundo? E que fazer com todas as asneiras que fizemos durante décadas, que continuam boiando, em movimento perpétuo nos oceanos? Talvez o Ocean Cleanup Project tenha algum sucesso. Mas vou esperar sentado.
ResponderEliminarNem de propósito, uma equipa de cientistas norte-americanos (e um autraliano) publicaram um artigo na revista Science onde calcularam quanto plástico entra anualmente nos oceanos. A equipa comecou por analisar a quantidade de resíduos plásticos produzida por cada país costeiro no mundo e calculou que entre 15% a 40% desses resíduos sao despejados nos oceanos a cada ano. Somando-se todos os 192 países do mundo com uma população costeira significativa, os investigadores estimaram que entre 4 a 12 milhões de toneladas de plástico foram entregues ao mar, apenas no ano de 2010!
ResponderEliminarIsto representa 1,5% a 4,5% do total de plásticos a nível mundial e quantidade suficiente para cobrir cada centímetro do litoral do planeta. Impressionante....